O 4º dia, apesar de ninguém o querer admitir,
estava à partida condenado. Ninguém leva uma sova daquelas e acorda no
dia seguinte às 7 da manhã a pensar em ir andar de bicicleta. Mas há
sempre uns teimosos… Acordámos já bem tarde, por volta das 11 da
manhã e chovia copiosamente. Os primeiros pensamentos do dia, depois do
“boa puto, conseguiste”, foram solidários com os fellow riders que
estavam a fazer o passportes naquele dia. Se aquilo com
tempo seco tinha sido difícil, nem queria imaginar os desgraçadinhos
que estavam a fazer aquilo à chuva. O dia e as dores musculares
convidavam a ficar na cama, mas não só tinha sido o desgraçado que
dormia no sofá, como nem me passava pela cabeça estar ali
sem ir andar de bike.
the switchback kings
O Telmo e o Jay tinham alugado duas montadas de
DH, mas o dia de chuva e as dores no corpo deixaram o Jay “com um mau
feeling” para o dia, e a Lapierre 720DH estava ali sozinha… essa foi a
primeira borla do dia e deixei a Pitch no estaleiro,
pedi o canhão ao Jay, e com o Telmo, fizemo-nos à estrada rumo ao bike
park de Chatel. Depois de termos andado uma boa meia hora debaixo de
chuva, decidimos começar a pedir boleia e depois de umas tentativas
falhadas, acabámos por ter mais uma borla… uma rapariga
simpática, a Emilie, decidiu ter pena de nós e levou-nos a nós e às
bikes na sua pickup até ao bike park.
rainy days...
Entretanto, e como já era hora de almoço e a fome começou a apertar,
decidimos que, atendendo à nossa condição de “portugueses sob
assistência”, devíamos de tentar ir comer de borla até à terrinha que
nos tinha recebido tão bem no dia anterior:
Les Lindarets. Subimos os dois teleféricos de Chatel e descemos até ao
vale onde havia umas tartiflettes. Foi um fartote de lama e de “close
calls”, pois o piso estava difícil, mas os pulsos doíam tanto que quase
que era mais seguro não travar. Chegamos sorrateiramente
a Les Lindarets, e de um modo sereno, típico de quem já come à conta
dos Europeus (do norte) há uns anos valentes, fomos para ao pé do
paddock, comemos umas tartiflettes e bebemos umas Rivellas como se nada
fosse connosco.
Com a barriga mais composta andámos a fazer umas
descidas em modo super slow motion entre Lindarets e Chatel, a rebolar
na lama e a fazer drifts, mas de facto, o corpo estava super moído e, a
meio da tarde decidimos ir andando até Chatel. A lama era tanta, que na fila para lavagem das bikes, havia uns putos a tirar lama da bike e a fazer bolas para atirar! Do bike park até ao nosso chalet era sempre a descer, mas ainda nos
esperava a subida até à vila. Como tema do dia era a palavra “gratuito”
estávamos a ficar um pouco desiludidos em termos de ir a pé até à vila, e
quando passou um autocarro, levantámos as
mãos a pedir colinho e para nosso espanto, o motorista parou uns metros
à frente. Mais uma borla!
A merecida recompensa!
Depois de entregues as bikes num estado mais aceitável que o nosso, fomos espalhar lama para uma esplanada onde nos parecia que estavam umas
Hoegaarden à nossa espera. Dois “pints” depois, e já alegremente
alcoolizados, fomos até ao chalet, onde o Jay e o Carlos
nos aguardavam para o jantar.
Let the good times roll...