quinta-feira, 18 de setembro de 2008

On tour again

Mas que grande Sábado que foi!!

Ainda ando a fazer “descidas mentais” pelos trilhos da Serra da Estrela sempre que adormeço. Ainda não tinha ido a turma toda junta lá acima, e foi um espectáculo. Só pecou por ter sido tão pouco tempo.


Objectivo: descer a partir do ponto mais alto de Portugal.

Não fazemos a coisa por menos...



Arrancámos na 6ª feira já um bocado tarde porque ficámos todos à espera que o Covas acabasse de “comer a sopinha”. Já ouvi chamar-lhe muita coisa, mas sopinha nunca. Enfim, foi perdoado porque ia ficar afastado da namorada durante dois dias e geralmente é o Covas que espera por toda a gente, mas entretanto havia dois desgraçados a desesperar em minha casa e outro a desesperar sozinho… o Jay já não me conseguia ver a andar de um lado para o outro, tipo macaco enjaulado. Chegado o Covas e o Rui, foi arrumar as 4 bikes na carrinha e arrancar, rumo à A23. A viagem fez-se sem sobressaltos e chegámos à Vila do Touro por volta da meia noite. Instalámo-nos e ainda fomos cozinhar umas pizzas para o dia seguinte. E ficou o aviso de que o dia seguinte começava as 7 da matina…


Toca o sino na torre da igreja... Pack your things gentlemen!



No Sábado, cumpriu-se a promessa e às 7 da manhã alguém gritava “ALVORADA” lá em casa, ajudado pelo sino da igreja que toca uma linda versão do “Avé Maria” todos os 30 minutos. Não imagino melhor forma de acordar… Apesar das horas, o humor andava em alta naquelas bandas, ajudado certamente pelo cheiro a “cofee shop”. Com o pequeno-almoço tomado, lá seguimos em direcção à Torre, ainda com tempo para um café em Manteigas. Na torre ainda andámos um bocado sem perceber onde é que era para se adquirir o “passe” para a telecadeira, mas resolvido esse embrulho, fomo-nos equipar e finalmente começar a descer.



three men down, untill there's no men left


Tínhamos connosco o Rui, que acabou por ser a grande revelação do dia, equipado com a minha Wheeler de XC. Ainda tentámos alugar uma Nitrous que lá estava, mas o desviador partiu-se após 20 metros de descida, pelo que a Wheeler voltou à cena. O Rui lá fez o trilho connosco, a uma velocidade moderada, mas para quem raramente anda de bike e para quem estava montado numa “XC Racing” esteve mesmo em grande. E ainda chegou lá abaixo a dizer “isto é cá uma adrenalina”… eu bem digo que o gajo tem aquela fisionomia à Vouilloz: baixinho e compacto!!



As primeiras descidas foram para ver as pistas. A confiança andava muito por baixo, mas à medida que se ia acumulando descidas, começámos a esticar o andamento e no fim da manhã já se andava muito rápido e fluido e só um duplo é que andava a fazer um bocado de comichão, porque os restantes obstáculos já tinham sido ultrapassados, com mais ou menos destreza. O Jay apesar de estar numa rígida estava soltinho, eu a partir do meio do dia comecei a esticar a corda, e até o Covas, que via-se que estava num “mau dia para morrer” e queria era não cair, andou a mandar-se aos saltinhos que lá havia. Mesmo assim, protagonizou um incidente (que felizmente não se transformou em acidente), quando atravessou a uns 40 kmh um rebanho de ovelhas que estavam a descansadamente a pastar... no meio da pista!! Era ovelhas a correr por todo o lado...


Mais um slow motion patrocionado pela G.A.S.



A meio da tarde o cansaço começou a apertar e o Rui foi até ao carro comer (umas pizzas, claro…). Ainda tive tempo para furar, como não podia deixar de ser, mas foi a troca mais rápida que alguma vez fiz… devo ter trocado a câmara nuns 3 minutos. A paragem forçada deu umas forças extra e saí da “pit stop” completamente cego, largado para a que seria a minha “descida louca” do dia. Foi tudo no máximo e só um duplo é que me ficou atravessado. E ainda ouvi umas palavras de incentivo vindas da telecadeira onde já estavam a subir o JP e o Covas.



gently down the stream



As 5 da tarde, estávamos completamente exaustos e os braços não aguentavam mais. Ainda fiz mais uma descida só com o JP e depois disso foi encostar à box, porque é geralmente nesta fase de cansaço que as desgraças acontecem. A viagem de regresso à Vila do Touro foi dura, e já só via era um banho quente e um arroz de farinheira à minha frente. As 11 da noite já toda a gente ressonava forte e feio…


"Então? Fazemos mais uma? Mas não é dessas pá!!"



No dia seguinte lá acordámos com o sino da igreja, desta vez com uma música diferente que é para avisar que há missa. Definitivamente, as pessoas dali devem detestar dormir, ou têm horários muito estranhos… Lá nos fomos levantando, e parecia que os papeis se tinham invertido: o JP era o mais desejoso de se vir embora e eu só queria era prolongar a minha estadia ali ao máximo. Eu e o Covas ainda fomos fazer umas descidas lá na Vila do Touro, com o JP e o Rui na carrinha. Ficámos impressionados com o facto de que as pedras que tínhamos lá deixado há uns meses atrás, em equilíbrio precário, a sinalizar um salto natural estavam precisamente no mesmo sítio, o que comprova a grande actividade que há ali no meio dos montes. Depois de duas boas descidas e de um banho tomado, arrumámos as tralhas e metemo-nos a caminho de casa.



Sad but true: de regresso a casa...