Há já algumas semanas que tenho andado por Sintra durante os
Sábados a matar as saudades das pistas emblemáticas ali da zona da encosta Sul.
E em boa parte, aquilo que me tem motivado a estas incursões era ir conhecer o
famoso trilho das pontes. Mas a coisa andava um bocado amaldiçoada. Na primeira
tentativa tive a roda de trás que ficou pelo caminho. Na segunda tentativa, e
já com uma roda nova, apesar de ter dado uma excelente volta, ali perto dos
capuchos cometi o grande erro de não me orientar por mim mesmo e fui pedir
indicações a uns bikers que lá estavam. Pintaram-me um cenário de tal modo
negro que desisti de encontrar o tal trilho: “ui, isso está cheio de lama”,
“ihh pa, as pontes estão todas partidas e não dá para ridar”. Bom, perante tais
afirmações, resignei-me e desci para a mula por outro lado.
No fim de semana seguinte, e já sem a esperança de vir a disfrutar
de tão badalado trilho fui novamente para Sintra. O objectivo do ride era de
certo modo, físico, e desta vez, queria fazer duas descidas completas e
obviamente e uma vez que agora se anda em autonomia, fazer duas subidas. É um
bom treininho para os enduros que estão para vir. Lá deixei o carro na barragem
e comecei a trepar. Já se sabe que eu trepo devagarinho, mas cheguei lá acima
num instante e decidi descer pela malveira. Ora a primeira secção estava
óptima, mas daí para baixo está a haver o maior abate de acácias que eu já vi a
acontecer na serra. Os trilhos simplesmente não estavam lá, o que implicou
fazer um bocado de “free ride” pelo meio dos troncos de acácias. Depois de ter
ultrapassado este obstáculo, lá cheguei a uma zona mais limpa e foi seguir
pelos antigos voadores.
Depois de composto o estomago com uma bananinha, fiz-me à
estrada e comecei a acumular energia potencial. Foi subir até à pedra amarela,
e já tinha galado a entrada para um trilho, que um pouco mais abaixo percebi
que era o kamikas. Quando estava a baixar o selim, apareceram 2 DHs e isso
devia ter-me servido de aviso para aquilo em que me estava a meter, mas não,
bem pelo contrário, fui no máximo, um bom bocado atrás deles. Claro que a meio,
os longos cursos e as protecções (e não esquecer, os skils) já os tinham
colocado fora do meu alcance. Bem, mas a primeira parte não tinha sido nada má,
e mandei-me para a segunda secção. Já estava a fazer saltos e tudo, mas de
repente acabou-se a brincadeira, e aquilo que tinha sido um trilho acessível
ligou-se ao kamikaze. Daí em diante foi um bocadinho à mão e a derrapar, outros
bocadinhos só a derrapar e outros bocadinhos à mão e a lutar para não cair tal
era a inclinação da coisa.
Apressei-me a sair desta aventura para o estradão e uns
metros mais abaixo apareceu uma nova entrada para um single. “OK, porque não?
Certamente que o pior que podia apanhar já passou…”. E fui andando por ali
abaixo, sempre à espera que me aparecesse uma falésia intransponível, mas que
tardou em aparecer. Passei um shore, passei outro shore, passei num mega shore
que parecia que não tinha fim e comecei a achar que aquilo era shores a mais
num trilho de baixa dificuldade. Só podia estar num sítio, no tal “trilho das
pontes”. De facto, tal como tinha sido avisado, estava com bastante lama, mas
nada de intransitável, e as pontes, apesar de uma ou outra madeira partida,
estavam todas cicláveis. Com o entusiasmo da descoberta, comecei a largar
travões e a dar pedal por ali fora. O trilho é bastante estreito e numa das
zonas mais rápidas, o guiador deu um toque na vegetação do lado direito, perdi
o controlo, não consegui corrigir e mandei aquele que até agora, foi o espeta
mais aparatoso com a Pitch. Sem protecções, sem integral lá para o meio das
acácias cheio de força. Ainda no chão e com a bike em cima, fiz o “check” a ver
se estava tudo bem e estava. Com a Pitch também. Foi um bom aviso… de que sem integral a
parada sobe bastante e convem manter “os pes no chão”. Mas o dia estava ganho,
finalmente tinha descoberto o trilho das pontes!!
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