Para o ultimo dia, estava-nos reservado o pior.
Depois de tudo arrumado e de termos a casa
limpa, ligámos à mme. Letitia para ir lá ter connosco e nos devolver o
dinheirinho que tinha de caução. Não se esqueçam que somos da europa do
sul e o dinheirinho nos faz muita falta… Mas assim
que chegou, e apesar de não ter reparado logo na braçadeira da SS,
começou um dos momentos mais surreais da nossa estadia… entra a senhora
pela casa adentro a gritar “sortir sortir” e a mandar vir connosco em
francês porque a casa não estava limpa. Sempre
aos berros, a coisa subiu um bocado de tom quando decidiu fechar uma
porta em cima do Jay, mas deu-se mal, pois o Jay travou a porta com o pé
e no retorno, foi a nazi que levou com ela. Antes que o confronto
passasse para outro nível, metemos o Jay e o Carlos
a tirar as coisas de casa, e fiquei eu e o Telmo a tratar de receber a
caução de volta. Ela contava em Francês, e pela enésima vez naqueles
dias, perguntava-me a mim mesmo como é que alguém decide dizer “oitenta”
como sendo “quatro vintes”. É realmente estupido.
Conhecia o binário, o decimal, e o hexa-decimal… o “vigésimal” ainda
não, e parece-me que continuo sem perceber porque é que noventa e cinco
são “quatro vintes e quinze”. À medida que a nazi debitava palavras em
francês, só me lembrava do clássico dos S.O.D.,
“Speak English or Die”. Já com o material todo no exterior e com o
dinheiro na mão, despedimo-nos convenientemente da Eva Braun, que quando
tentou arrancar com o carro do estacionamento o deixou ir abaixo. A
risada alta e em tom de gozo que este quatro marmanjos
imediatamente proferiram valeram um dedo esticado para fora do carro
quando já se encontrava a uma distância segura.
Mas ainda estava o stress a meio. O nosso
transfer teimava em não aparecer e quando ligámos a saber o que se
passava, percebemos que o nosso condutor tinha tirado uma folga.
Estavamos a ficar apertados de tempo, e após uma enervante e longuíssima
espera, aparece finalmente o nosso transfer, com mais de duas horas de
atraso. Iamos ter de fazer uma corrida até ao aeroporto. A viagem foi
feita sempre a olhar para o relógio, e chegámos ao aeroporto 5 minutos
antes de se fechar o check-in. E quando finalmente
o fizemos, descobrimos que o nosso voo estava super atrasado!
Deu para visitar o aeroporto e fazer umas
compras nas free-shops. Depois de embarcados, este era o voo onde íamos
ter tratamento VIP, pois o Telmo era amigo de um amigo que tinha um
amigo naquela tripulação! Uma simpática hospedeira veio
dizer-nos que dois de nós podiam aterrar no cockpit. Um seria o Telmo o
outro, por sorteio, foi o Jay
J. Apesar do dia stressante, esta foi uma excelente forma de terminarmos a nossa trip ao passportes!
Não quero terminar sem deixar aqui um abraço a estes três malucos que comigo fizeram esta trip. Inesquecível bros!
E como na vida, tem de haver sempre um objectivo
inatingível, começa-se a ouvir uns sussurros que parece que dizem
“Whistler”, “Kamloops”, “Mammoth Mountain”, “Kamikaze”, “Repack” ,
“Utah” e “Marin County”. Quem sabe se em 2020….
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