“Mas porque é que gostas tanto da Red Bull?”
Não me recordo de quem me fez esta pergunta há alguns anos,
mas sei que foi a propósito de eu querer um capacete da Red Bull e sei era
alguém ligado às modalidades de gravity do MTB. E lembro-me bem da resposta:
“Por tudo aquilo que já fez pelo meu desporto”.
MTB Freeride legend: Richie Schley @ Rampage 2003
Utah hospital & health services legend: Josh Bender (and Karpiel bikes' prototype)
Sim. Fez muito. E isto vindo de um gajo que gosta pouco de
multinacionais e de “hypes”. Mas a Red Bull é diferente. Ainda me lembro da
primeira vez do Lisboa Downtown.
Estávamos em 1999, e a Red Bull veio ao nosso país e criou um desporto “novo”:
acabava de nascer, pelas suas mãos, o conceito de Downhill Urbano e Portugal
ficava para sempre ligado a uma vertente radical das bicicletas. Para quem já
estava ligado ao MTB, ver isto a acontecer 3 anos depois da Taça da UCI no
Jamor, havia uma certa sensação de que Portugal estava definitivamente a ficar
no mapa. Mas a RB não se ficou por aqui,
e logo em 2001 resolveu criar aquela que, 16 anos depois continua a ser a prova
máxima do MTB de gravidade no mundo inteiro – o Red Bull Rampage. E enquanto o
Downtown estagnou e acabou por não acompanhar e evolução das bikes (na verdade
também não conseguiríamos aumentar a inclinação das ruas de Alfama), o Rampage
foi reescrevendo as suas regras ao longo dos anos e subindo a fasquia do que
era ou não ciclável.
Com o passar dos anos, esta metamorfose acabou por receber
muitas criticas por parte dos MTBikers, que queriam ver o Rampage como um
evento de freeride / Big Mountain e não como um circuito de slopestyle para
bikes de downhill. Os icónicos Oakley Sender ou Canyon Gap eram na verdade
obstáculos mais virados para o slopestyle do que para o Big Mountain. E estes
eram os elementos fracturantes dos circuitos de que faziam parte, aqueles que
as pessoas olhavam e colocavam a pergunta que acompanha o Rampage desde o dia
1: “será que aquela linha é ciclável?”. E a RB, ciente de que a missão do
Rampage é elevar anualmente a fasquia do que é ou não ciclável, não deixou
nunca que o evento não acompanhasse a evolução das bikes, e a edição deste ano,
foi na minha opinião (e na de muitos), a melhor desta “2ª geração” do
RBRampage.
Primeiro, porque eu não gosto muito de ver quedas. Eu sei
que muita gente vai ver provas de DH para ver espetas, mas acho que esses são
os que não andam de bike. Quem gosta mesmo, quer é ver “close calls”, “near
misses” e “great saves”. E nesta edição, tirando uma ou duas runs que acabaram
mais cedo, houve mais sucessos que falhanços. E em segundo (mas na verdade este
é o motivo principal), porque as linhas deste ano voltaram a virar-se para o
Big Mountain, e ver um gajo como o Kyle Strait a preferir não fazer a sua 2ª
run pois está “satisfeito com o
resultado”, diz TUDO sobre a dificuldade e perigo envolvidos numa linha como a
“para-chute”. E é isto que me faz todos os anos vibrar todos os anos com este
evento e ficar imediatamente a desejar ver o próximo (quem sabe se um dia não
será “in loco”).
Percebem agora porque gostava de ter um capacete da RB?
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