segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Mafra BTT - Trilho dos Mortos



O trilho dos mortos tem um nome sugestivo. E para além de sugestivo, já ouvi um sem número de histórias sobre a origem daquele nome. Uns diziam que o trilho é tão duro que se chega lá abaixo “morto”, outros diziam que o trilho era muito duro a subir, e que se chegava lá acima... “morto”. Ouvi também uma história, que atestava que a origem do nome estava num acidente, em que um automóvel, do qual ainda sobram algumas peças já no final do trilho, tinha caído pela ravina abaixo matando os seus ocupantes. Mas a história que mais me convenceu, e que foi contada por um local, é ainda mais tétrica... Este trilho termina numa terrinha chamada Carvalhal, que fica no fundo de um vale, em que confluem diversos ribeiros. Por ser muito predisposta a inundações não pôde nunca ter um cemitério, e este caminho, era o que os populares tomavam sempre que tinham de sepultar alguém, em direcção ao cemitério mais próximo, em Santa Suzana, onde o trilho começa. E esta história é suportada pelo facto de este trilho, agora para bicicletas, ter resultado na recuperação de um caminho centenário, muito anterior a alguém sair de lá “morto” pela longa descida, ou de existirem carros que caíssem pela ravina abaixo...


 
where the fun begins


luxury green


No entanto, as histórias que procuravam relacionar a dureza deste trilho com o seu nome, não são despropositadas. O trilho é de facto o mais duro de todos os que estão no menu dos trilhos de Mafra. Tem 3km de extensão, 70m de subida e 200m de descida, e o “KOM” está nos 8 minutos, o que atesta bem que o caminho está longe de ser fácil ou fluído. Creio que o meu melhor tempo ali terá sido na casa dos 10 minutos, mas apesar de estar classificado como “azul”, este trilho é “tricky”, cheio de armadilhas, e com muitas “no fall zones”, em que um erro no local errado te vai custar uma queda vertical de alguns andares. Tem início perto do gimnodesportivo de Santa Suzana, e depois de uns metros em que está limpo e até se consegue ir depressa, entra numa zona em que existe muita água, e mesmo no pico do verão, tem lama.

 
Mina de água

 
Tight corners



Depois de ultrapassada essa zona, entra-se na parte de floresta, em que ocorrem boa parte das subidas e em que os guiadores mais “wide” têm mais dificuldade em passar, pois a vegetação ali, mesmo com as manutenções constantes do MafraBTT, invade o trilho e torna a progressão mais difícil. Depois entra-se na parte mais antiga do trilho, que definitivamente não foi desenhada para bicicletas. Apesar de mais limpa de vegetação e de pedir mais alguma velocidade, tem umas passagens que exigem concentração máxima, especialmente numa zona em que se vai em cima de um muro muito antigo de retenção de terra, e que à esquerda de quem desce, parece mais uma plataforma de base jump do que propriamente um trilho para bikes.

 
Zona exposta



 
A Natureza a recuperar o que é dela




            Don't look left, don't cut, don't fall...

Já no final do trilho, depois de ultrapassado um dos ribeiros que vai ali desaguar ao Carvalhal, passamos pelo tal carro destruído pela queda e já mesmo a chegar à terrinha, temos ali umas subidas pelo meio de umas explorações agrícolas...e sim... quando chegamos mesmo ao Carvalhal, estamos efectivamente mortos. Mas não se deixem enganar por tantas dificuldades anunciadas, este é um trilho que vale a pena fazer, e a melhor maneira de descer de Sta. Suzana para o vale do Lizandro. E o trilho da Amazónia fica ali mesmo ao lado para assegurar o regresso, em offroad, até Montesouros...

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