A minha relação com “ciclómetros” é longa e complicada. É uma coisa dos tempos de miúdo, de quando a bicicleta era a nossa mota. Metíamos reflectores em todo o lado, buzinas, luzes de dínamo, ou qualquer coisa que aproximasse a nossa bike... de uma mota. E por isso, quando um dia mais tarde soube que havia uns conta-quilómetros para as bicicletas fiquei logo interessado. Ainda por cima digital, como o do Kitt... E poupei umas mesadas e acabei por comprar um para a minha Esmaltina.
Remember kids...
Mas depois, veio a formação “mtbistica” com o pessoal do
Bike Center. E eles não gostavam muito de ciclómetros. Do lado do mtb
recreativo, diziam-me que aquilo estragava o ride, que um gajo passava a volta
a olhar para aquilo, e que no fim da volta te perguntam “então, que tal foi?” e
acabas por responder “foi boa, fiz uma média de xx/kmh”. Do lado competitivo, a
estrela da wheeler bike team dizia que aquilo de que precisava não era de um
ciclómetro, era de um medidor de FC e de um cronómetro, e conselhos de uma campeã
nacional são sempre para ser tidos em conta. Para além disso, em cada queda
mais a sério era um ciclómetro que se partia, outros estragavam-se, outros
perderam-se... e o meu ciclómetro foi perdendo o seu encanto, até que uma vez
em que se partiu ou se estragou, nunca mais foi substituído na minha Nishiki.
Ainda voltei a ter um na minha Wheeler da altura que andava menos de bicicleta,
mas quando a coisa se voltou outra vez para as bikes a sério, saiu. Juntamente
com os bar-ends :)
... don't grow up. It's a trap!!
Durante o tempo dos DHs em Sintra, nem valia a pena equacionar ter um. Como o Covas dizia, e bem, aquilo custava 10€ por descida só em material. Era escusado passar a custar 20€. E foi só na altura em que fazíamos cada vez menos descidas juntos e cada vez mais me virava para o Enduro e para voltar a andar sozinho, que o ”ciclómetro” regressou, com a Pitch. Mas na verdade nem era um ciclómetro, era apenas um telefone que se transformava em leitor de GPS de bolso, com mapas de mato carregados, com que me divertia a encontrar, sozinho, montes de spots novos. Os principais foram em Sintra e na zona da Ericeira, mas cheguei a ir andar para Montejunto, Torres Vedras, Caldas, etc, apenas munido com um track GPS.
good times printed this
Daí a ter uma aplicação que guardasse os meus próprios tracks GPS foi um pulinho. Aquilo vai nas costas, e não há o tal problema de passar as voltas a olhar para um ecrã. E assim, quase sem querer, voltei a ter um “ciclómetro” e passei a ter um diário de bordo dos meus rides. E outro dia, quando cheguei a casa e fui desligar a gravação da volta, uma mensagem de parabéns da aplicação... tinha acabado de completar 1000 rides! Mil!!! Uns deles foram melhores, outros piores mas sempre bons, uns só para ir esticar as pernas, outros para ir esgotar energias e fazer umas descidas malucas, uns pelos trilhos de sempre só para ir dar uma volta, outros, como o do Passportes, que também lá está gravado, absolutamente épicos.
Take a moment to celebrate
E agora, que cada vez mais há um histórico gravado, fico ainda mais fan do meu “sports-tracker”. É giro guardar a vida de rides em formato GPS, e chegar ao fim do ano e saber quantos kms fiz ou quantas horas andei, ou qual foi o passeio mais longo, ou o mês em que andei mais, ou isto, ou outra coisa qualquer. Porque aquilo já não é um ciclómetro. Já não é uma coisa que conta quantas voltas dá a roda da frente, ligada por um fio a um display LCD com interface manhoso, monocromático, com 2 polegadas no máximo, e que só tem piada se fores a olhar para ele enquanto estás a andar. Aquilo é uma máquina poderosíssima, que vai a gravar tudo, da altimetria, às condições climatéricas desse dia, enquanto está ligada a pelo menos quatro satélites que estão algures no espaço.
Captain's log, day 1002: as escadas do Tomac no Jamor
Agora... é fazer mais 1000!
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