Neste blog não faltam entradas cheias de bazófia sobre o clima em Portugal. Ao longo destes 15 anos fomos todos desfrutando das alterações climáticas e da nossa condição de estarmos numa latitude pouco acima da linha de trópico. E como é precisamente na orla superior e inferior das linhas de trópico que os cientistas dizem que as alterações climáticas vão bater com mais força, têm-se aqui sucedido no blog muitas histórias sobre rides em gloriosos dias de sol de janeiro, de pessoal a andar de calções e sem casaco todo um Inverno, e da alegria que é ser mountain biker num sitio em que há 250 dias de sol por ano. Isto, claro, enquanto no resto do hemisfério norte o pessoal tem de escavar meio metro de neve todos os dias para sair de casa.
A bazófia continua. Chuchem este dia de ride oh europeus do norte.
Mas este Inverno 22/23 está a ser diferente do que ao que nos habituaram. Depois de tantos invernos sem inverno, tem chovido copiosamente durante dias, sucedem-se tempestades mais depressa do que lhes conseguimos decorar o nome, e mesmo quando até que não está assim tão mal, está a chover um bocadinho, o que é tramado para quem usa óculos. Para que tenham noção do que realmente tem chovido (ou o que não choveu noutros anos), a barragem do Caia fez este Inverno a primeira descarga em 10 anos, e isto depois de ter arrancado o Outono em níveis abaixo de 20%. Entretanto, chegou Janeiro com um anti-ciclone na Península Ibérica, e com este anti-ciclone uma massa de ar frio e seco, com máximas de 1 digito e minimas próximas do zero, durante umas duas ou três semanas. E com este frio, há alguns dias, um grande nevão cobriu tudo o que esteja acima dos 800m no interior.
Talvez um bocadinho de água a mais
Mas um off-season não se faz só de Inverno rigoroso. Um verdadeiro off-season é, como num acidente de avião, uma “sequência trágica de eventos”. Depois de 2 anos com máscara no focinho e com regras de vida próximas do BSL3, a natureza aproveitou as condições climatéricas para fazer ressurgir tudo o que é infecção respiratória. E no meu caso em particular, com o primogénito a ir para o colégio em Setembro, não tem sido fácil. E foi antes das chuvadas de novembro e dezembro, que surge a mais insólita do off-season que estava a começar... aleijei-me sentado no sofá. Esperem, eu fui parar ao hospital por me ter aleijado no sofá. O primogénito a saltar para o meu colo lesionou-me o tomate direito, e no dia seguinte tinha febre e um ovo de galinha em vez do tomate direito. Segue para as urgências de perna aberta, e depois de um médico a fazer-me festinhas nos tomates com o ecógrafo, acabei a tomar um medicamento exótico e quase impronunciável que é usado nos casos de... Anthrax!! \ººº/
A isto seguiu-se o covid no inicio do ano e a mega-amigdalite posterior. Ou seja, a meio de Janeiro estava com tanta mas tanta fominha de bicicleta, que caguei de alto nos 2ºC de minima em Queluz e fui andar logo de manhã. Claro que, com vento a 20kmh, estes 2ºC passam para uns -4ºC, e depois de uma semaninha a tirar a barriga de misérias, e a entrar em tudo o que eram poças congeladas, fiquei doente outra vez. Hoje já fui andar, mas com isto tudo somado, estamos em “off-season” há mais de 3 meses, e eu já não estou habituado a off-seasons. E se o Outono e Inverno são para ser assim, começo a achar que, afinal, eu não gosto assim tanto de andar no Outono. Eu gosto é de andar no pós-verão.
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