segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Zandinga



Sobrevivemos ao apocalipse Maia! Depois de uma previsão tão falhada, deviamos escusar-nos a outras previsões, pois nem temos essa tradição aqui no blog, mas cheira-me que vamos ter um ano animado no mundo das bikes. Aqui ficam algumas das coisas que li nas borras do café:
 
1 – O declínio dos canhões de DH (e das anorécticas do XC)
Vamos ser francos, e tentar perceber a quem é que serve um canhão de DH. É obvio que se estás em competição, terás de ter um, e mesmo assim será sempre discutível se aquela pista carece de um angulo de direcção de 62º e de 240mm na traseira, ou se iria ser mais rápido numa bike mais ágil. Mas para quem não anda na competição, para quem anda por gozo, um canhão não pedalável, sem autonomia, acaba por ficar encostado à espera de um dia com carrinha, do teleférico de um bike park ou de um dia ter paciência para andar a empurrar uma bike monte acima.
 
 
 
2 – Finalmente, o enduro
O engenheiros trabalharam duro neste conceito. Foram precisos muitos anos para se chegar a estas bikes. Foi precisos os amortecedores evoluirem, foi preciso o aluminio evoluir, foram precisos muitos projectos de CAD, suspensões novas, lock-out's, mudanças com 11 carretos e aquilo que começou por serem bikes de sobem mal e descem mais ou menos, que partem na testa e nas escoras,  à medida que foi refinado, acabou em peças de engenharia fantásticas, que traduzem aquilo que eu considero ser o verdadeiro espírito MTB – o all rounding! Sim, o all rounding sempre existiu, mas quando os trilhos se complicavam, começava-se a deixar peças pelo caminho, chegava-se todo partido e as bikes caiam que nem tordos, e os riders com elas. Neste momento, temos máquinas de 13Kg capazes de enfrentar praticamente qualquer descida, mas que não bombeiam ao pedalar e que sobem como uma hardtail subia há 10 anos.


 
 
3- Enduro for life
 Se isto vai ser o futuro do MTB e vamos voltar, tal como era no inicio dos ’90, a ter o MTB como sendo uma “multi-disciplina”, implica novas competições. E vamos vê-las aí a explodir, e quantidade de pessoal que vai aderir vai ser incrível, porque para fazer a prova sem ligar à classificação nem é preciso ter genes de maratonista Queniano como no XC, nem é preciso ter genes kamikazes a correr no sangue como no DH. É uma solução de compromisso onde muita gente se encontra, mas que competitivamente se encontrava num vazio. Tenho sempre algum receio de ver "provas" chegarem em grande a um determinado nicho. Há sempre "importações" que tendem a estragá-lo. Eu bem vi há muitos anos como o cliclismo de estrada, através da UCI influenciou o XC, e como o motocross e snowboard influenciaram o DH, Mas o enduro é tão "just for fun", tão ligado ao mountain bike e às colinas de Marin County, que não tem uma influência externa onde ir beber.


 
4 – Seatpost drop – o tubo de selim automático
Como é que ninguem se lembrou disto mais cedo? A invenção não é de agora, mas começa a ter preços praticáveis. Na minha modesta opinião é talvez a maior invenção que vi nascer desde a minha entrada no MTB. Com um simples botão, uma mudança radical de geometria da bike – literalmente do XC ao DH com um só clique – sem paragem para subir ou descer selim, sem perda de “flow”, apenas com um clique. É supremamente genial. Vamos começar a ver isto a vir de origem nas bikes de enduro, mas suspeito que cada vez mais o pessoal do DH de competição vai aderir a isto para ultrapassar zonas de pedal. É a invenção do século. Andámos durante anos a falar de "curso ajustável", suspensão com bloqueio, propedal, mas a verdadeira polivalência estava ao alcance de um botão.
 
 
 
 5 - 650B
Durante anos, 26 polegadas foi um dado adquirido. Nem os regulamentos da UCI permitiam outro tamanho de rodas portanto não era um assunto propriamente aberto a discussão. Mas o povo não é sereno, é inquieto e questionador, e começámos a ver uns "rebeldes" a lançarem no mercado umas bikes, que tinham roda 29 e pareciam mountain bikes. Mas não eram, porque as verdadeiras mountain bikes são de roda 26, dizia a UCI. À medida que mais rebeldes se juntavam à causa, outras causas se juntavam aos rebeldes, e já não era só roda 26 e 29, já se falava de 24, 700C, ISO406 e 650B. Mas os conservadores, nos quais eu me incluia, vitima de formatação MTBistica dos anos 90, dizia que 26 é que era, 29 era muito grande e só fazia sentido em quadros XL para pessoal com 2 metros, e o 24 era pequeno demais, só faria sentido em dirt jump. Acontece é que os engenheiros não são parvos, e recuperaram um tamanho, entre o 26 e o 29. Na verdade o 650B é um 27,5. É óbvio que se fica com uma maior capacidade de superar obstáculos, mas sem parecer uma mountain bike desenvolvida em Chernobyl como parecem as 29ers. E pelo facto de no ultimo Rampage umas 650B terem sacado um 3º lugar, muitas bocas que diziam que uma roda maior só é boa para pedalar, tiveram de se calar e a discussão está mais acesa que nunca.
 

 


 
Bom ano de 2013 e bons rides!!

 







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